Conforme Berti (2012, p.28), temos nas escolas “um cenário em que professores se sentem inseguros em ensinar os conceitos geométricos por não dominarem o conteúdo e alunos memorizando as definições e propriedades, mas com dificuldade de utilizá-las na resolução de problemas.” Os conteúdos de geometria geralmente aparecem no final dos livros didáticos e nem sempre são estudados. Quando são estudados, aparecem de forma pronta, sem proporcionar ao aluno a exploração e interpretação dos conceitos.
“Parte desta
problemática tem origem nos programas e práticas de ensino de nossas escolas: é
o tratamento estereotipado dado aos objetos geométricos, é a apresentação de
demonstrações com argumentos ordenados e prontos.” (GRAVINA, 1996, p.2). Os livros didáticos geralmente trazem uma pequena definição
dos conteúdos geométricos e um exemplo. Este exemplo mostra um caso particular
e é chamado de desenho prototípico. Estes não permitem que o aluno tenha uma
imagem conceitual adequada sobre o conteúdo em estudo. Quando estes objetos são
apresentados em outra situação ou posição, não o reconhecem. E sendo sempre
apresentados desta forma estereotipada, os alunos passam a abordar essas
características do desenho como suas propriedades.
Dificilmente se propõe ao aluno construir objetos
geométricos e pensar sobre as propriedades envolvidas na construção. Seja feita
com régua e compasso ou com o auxílio da Geometria Dinâmica, a reflexão sobre a
construção geométrica é essencial para a compreensão do conceito e para que se
tenha uma imagem conceitual adequada.
O consenso entre o conceito e a imagem conceitual dá ao
sujeito a informação apropriada sobre o objeto geométrico. O desenho em certos
momentos pode dificultar a compreensão do objeto geométrico. No desenho
estático certas propriedades do objeto não são observadas e características do
desenho são confundidas com propriedades, ocasionando uma imagem conceitual
distorcida. Já no desenho em movimento, as particularidades da representação se
perdem e conservam-se as propriedades do objeto em questão, sendo mais
facilmente observadas.
Quanto às atitudes dos alunos frente ao processo de aprender:
experimentam; criam estratégias; fazem conjeturas; argumentam e deduzem
propriedades matemáticas. A partir de manipulação concreta, “o desenho em
movimento”, passam para manipulação abstrata atingindo níveis mentais
superiores da dedução e rigor, e desta forma entendem a natureza do raciocínio
matemático. (GRAVINA, 1996, p. 13)
Segundo Michel (2011, p. 23), “problema é tudo aquilo que
não se sabe fazer, mas que se está interessado em resolver.” Problemas são
diferentes de exercícios. Exercícios podem ser resolvidos com aplicação de
fórmulas e procedimentos comuns, mas problemas levam o aluno a pensar, a criar
hipóteses e a chegar à conclusão após vários artifícios.
A construção do conhecimento matemático se dá na medida em que novos problemas matemáticos vão sendo vivenciados, uma vez que o aluno é perturbado e desafiado a superá-lo. Para resolver o problema, é preciso que o aluno construa novas estruturas que permitam dar conta da situação enfrentada, rever os conceitos já elaborados e tentar reconstruí-los e enriquecê-los, de forma a solucionar o problema apresentado. (NOTARE; BASSO, 2012, p. 2)
A metodologia da resolução de problemas é essencial para
despertar no aluno o pensamento matemático. Exercícios são apenas treinamentos
para a aplicação de fórmulas ou de procedimentos padrão de resolução. Problemas
são situações que demandam do aluno um pensamento muito mais avançado, em que
precisa recorrer a conteúdos que já aprendeu e trazer à tona suas aplicações e
relações com o problema em estudo. Todos os recursos disponíveis são
importantes e devem ser analisados.
Além de provocar a reflexão e construção de novos conhecimentos, essa metodologia pode e deve favorecer a autonomia do aprendiz, desde o reconhecimento de um problema, isto é, a identificação de uma situação que pode e merece ser investigada com a ajuda de recursos que estão disponíveis ou terão que ser construídos. (MICHEL, 2011, p. 24)
É a partir dos desafios que o conhecimento matemático é
construído. São as ações que permitem a aprendizagem. É preciso praticar, agir
de forma significativa. A ação deve ter significado para o sujeito, só assim o
pensamento será aprimorado.
Dessa forma, acredita-se que quanto mais problemas matemáticos são enfrentados pelo sujeito, quanto mais ele pensar, conjecturar, testar suas hipóteses e reorganizar suas ideias, mais experiência matemática ele vai construir, e, consequentemente, mais problemas poderão ser resolvidos por ele, problemas estes até então desconhecidos. (NOTARE; BASSO, 2012, p. 4)
Deste modo, o GeoGebra permite a construção e a exploração
de conceitos geométricos e matemáticos, envolvendo o aluno a partir da ação.
Ação esta que leva o aluno à tomada de consciência.
Michel (2011, p.14) afirma que “trabalhar com o GeoGebra
significa trabalhar com Geometria Dinâmica, ou seja, de tal forma que as
construções geométricas, ao serem manipuladas e, em movimento, guardam as
relações geométricas, que foram impostas nas construções.” Por meio da
observação e da ação o aluno compreende com maior facilidade o conceito
matemático. Assim a tecnologia é uma grande aliada para levar o aluno do fazer
ao compreender.
Segundo Meier (2012, p. 19), “investigar pode levar o aluno
a caminhos matemáticos inesperados e não planejados, e isto enriquece o
processo de aprendizagem.” O GeoGebra é um ambiente que proporciona esta
investigação, esta interatividade tão significativa para a aprendizagem do
aluno.
Meier (2012), trazendo os estudos de Goldenberg (1998),
enfatiza os “hábitos do pensamento”. São eles: visualizar, reconhecer padrões
ou invariantes, fazer experiências e explorações, criar, ser inventor, fazer
conjecturas, descrever, formal e informalmente, relações e processos, raciocinar
por continuidade. Em seu estudo percebeu que todos estes hábitos podem ser
explorados com o auxílio do GeoGebra, a partir de atividades que levem o aluno
a pensar, a criar hipóteses, a investigar.
Em seu estudo, Meier (2012) segue uma linha de trabalho. Primeiro
permite a exploração do material pronto e a observação de características e
propriedades da construção. Após, direciona as atividades e exige que os alunos
reflitam sobre as construções, respondendo a questionamentos. Os alunos
exploram parte de uma construção e devem concluí-la. Por fim, o aluno constrói
seu próprio modelo, considerando suas aprendizagens e conclusões. Com a
realização destas atividades envolveu de forma satisfatória os “hábitos do
pensamento” de Goldenberg (1998).
“No programa, o aluno compreende a aplicabilidade da
definição e das propriedades ao mover os pontos da construção, por exemplo”,
salienta Berti (2012, p. 72), após
realizar estudo envolvendo quadriláteros.
Berti (2012) sugere que seja utilizada a construção com
régua e compasso aliada à construção no GeoGebra. A primeira permite a
construção de todos os passos a partir das propriedades, visto que no GeoGebra
temos algumas ferramentas prontas. A segunda permite a visualização dinâmica
das figuras que mantém suas propriedades com o movimento de alguns elementos.
REFERÊNCIAS
BERTI,
Carine Muraro. As construções
geométricas no ensino dos quadriláteros. Porto Alegre, 2012.
GRAVINA, Maria Alice. Geometria Dinâmica: Uma nova abordagem para o
aprendizado da geometria. Anais do VII Simpósio Brasileiro de
Informática na Educação. Belo Horizonte, p.1-13, nov 1996.
LEONARDO,
Fábio Martins de. Projeto Araribá:
Matemática – 9º ano do Ensino Fundamental. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2010.
MEIER, Melissa. Modelagem geométrica e o desenvolvimento do pensamento geométrico no
ensino fundamental. Porto Alegre, 2012.
MICHEL, Patrícia Espindola. Tecnologias
no ensino de matemática: relatos de experiência. Novo Hamburgo, 2011.
NOTARE, Márcia Rodrigues; BASSO, Marcus Vinicius de Azevedo. Tecnologia
na Educação Matemática: Trilhando o Caminho do Fazer ao Compreender. Novas
Tecnologias na Educação. Porto Alegre, v. 10, n. 3, dez. 2012.
Abaixo há um exemplo de uma construção realizada no software GeoGebra. Além de aliar a geometria e o movimento, ele permite a exploração de vários conceitos geométricos.
Geometria Dinâmica no GeoGebra
Para visualizar o arquivo é preciso instalar o software no seu computador. O software é livre e está disponível para download no link abaixo:
Download GeoGebra
Abaixo há um exemplo de uma construção realizada no software GeoGebra. Além de aliar a geometria e o movimento, ele permite a exploração de vários conceitos geométricos.
Geometria Dinâmica no GeoGebra
Para visualizar o arquivo é preciso instalar o software no seu computador. O software é livre e está disponível para download no link abaixo:
Download GeoGebra
http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=4825
Abaixo veja a sugestão de aula proposta pela equipe da TV Escola para explorar o vídeo:
https://drive.google.com/file/d/0Bz3xoaV-qMtnajhNMVpCY1FPMWM/edit?usp=sharing

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